A gastrite é uma inflamação da mucosa estomacal que é causada pela presença de uma bactéria específica
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A gastrite é uma alteração caracterizada pela inflamação da mucosa do estômago, podendo se manifestar de maneira aguda ou crônica. Embora muitas pessoas associem esta alteração a um estado de grande estresse emocional, o principal causador do problema é uma bactéria chamada Helicobacter pylori, que se instala abaixo da camada de muco do estômago e altera o pH da região.
Quando as células de defesa do organismo não conseguem conter a multiplicação desta bactéria, ocorre uma reação inflamatória que favorece a corrosão das paredes do estômago — gerando assim a ardência/queimação característica da gastrite.
Outras bactérias e alguns tipos de vírus também podem levar ao problema, assim como fatores capazes de alterar a acidez do estômago e desencadear a irritação da mucosa.
Índice
Entenda mais sobre a gastrite
O estômago é um órgão do sistema digestório que recebe os alimentos após terem sido deglutidos e passado pelo esôfago. Ele é responsável, entre outras coisas, pela produção do suco gástrico — um fluido digestivo que atua sobre as proteínas, iniciando o processo de decomposição para que os nutrientes possam posteriormente ser absorvidos no intestino.
Para realizar esta função adequadamente, o suco gástrico precisa ser ácido, característica que também colabora para a proteção do estômago contra bactérias nocivas ao organismo. A mucosa estomacal é o revestimento interno que protege o órgão contra a acidez e, quando ocorre algum tipo de agressão à sua integridade, é desencadeado o processo de gastrite — que pode ser tanto aguda como crônica.
Principais fatores de risco
Como já explicado, a infecção pela Helicobacter pylori é a causa mais comum da gastrite. Esta bactéria pode ser transmitida por meio da água ou dos alimentos, e infecta a parede do estômago. O refluxo da bile para dentro do estômago e a contaminação por outros microrganismos também podem levar ao desenvolvimento da inflamação.
Outros fatores de risco que podem ser apontados como favoráveis ao desenvolvimento da gastrite são:
- Uso excessivo de medicamentos anti-inflamatórios;
- Consumo exagerado de bebidas alcoólicas;
- Estresse;
- Idade avançada;
- Doenças autoimunes;
- Uso de drogas;
- Abuso de alimentos gordurosos e ácidos;
- Ingestão excessiva de cafeína e bebidas gasosas.
Diagnosticando a gastrite: sintomas e exames
Embora a gastrite possa muitas vezes passar despercebida, sendo confundida com um mal-estar passageiro ou indigestão, ela pode manifestar sintomas bastante incômodos. Os principais são:
- Queimação e azia;
- Náusea;
- Vômitos;
- Perda de apetite;
- Dores abdominais;
- Sensação de estufamento;
- Saciedade precoce;
- Em casos mais graves, em que há ocorrência de sangramento da parede do estômago, pode ser observado também fezes escurecidas e vômitos com sangue.
A maioria dos pacientes procura ajuda médica quando sente dores na região da barriga ou quando é notada alguma alteração nas fezes. A suspeita de gastrite é levantada após avaliação dos sintomas e histórico médico do paciente, devendo também ser levado em conta o histórico familiar.
O diagnóstico, entretanto, demanda a realização de exames específicos, como a endoscopia com biópsias para detectar a presença da bactéria Helicobacter pylori.
O que é e como é feita a endoscopia?
A endoscopia digestiva alta é um exame que permite a visualização do trato digestivo superior, que inclui não apenas o estômago, mas também o esôfago e a porção superior do duodeno. Também chamada de esofagogastroduodenoscopia, esta avaliação é capaz de analisar a mucosa do estômago, auxiliando na identificação de alterações como gastrite, esofagite, hérnias de hiato, úlceras e tumores.
O procedimento também pode ser aplicado com intuito terapêutico, permitindo a retirada de pólipos e tumores em fase precoce. A endoscopia digestiva alta também permite a realização de biópsias e retirada de corpos estranhos, sendo necessário nesses casos que o equipamento seja equipado de maneira específica para esta aplicação.
A endoscopia digestiva alta é feita a partir da introdução de um aparelho chamado endoscópio pela cavidade oral. Este dispositivo é composto por um tubo flexível equipado com uma câmera de alta resolução na ponta, possibilitando a captura de imagens do sistema digestivo. Trata-se de um procedimento simples e rápido, que não apresenta contraindicações.
Para saber mais sobre o exame, visite nossa página sobre endoscopia digestiva alta!
Tipos de gastrite
A gastrite pode ser dividida em 5 tipos principais, de acordo com suas características e formas de manifestação. São eles:
- Gastrite aguda: ocorre de maneira súbita e acentuada, com sintomas que permanecem por pouco tempo. Geralmente está associada ao excesso de medicamentos, alimentação inadequada ou consumo exagerado de bebidas alcoólicas;
- Gastrite crônica: manifesta-se de maneira mais prolongada, estando mais associada à presença da bactéria Helicobacter pylori;
- Gastrite “nervosa”: chamada de dispepsia funcional, esta condição provoca sintomas semelhantes aos da gastrite, mas sem necessariamente existir uma alteração na mucosa estomacal;
- Gastrite enantematosa ou enantemática: é caracterizada pela inflamação de camadas mais internas do estômago, e pode estar associada ao uso de medicamentos, presença de doenças autoimunes, infecções ou alcoolismo;
- Gastrite eosinofílica: está relacionada ao aumento de células imunes no estômago, causando os sintomas associados à gastrite.
Qual o tratamento indicado para gastrite?
A indicação do tratamento mais adequado para gastrite depende diretamente das características do paciente e da alteração, assim como da etiologia identificada. Geralmente, envolve uso de medicamentos específicos e realização de ajustes na alimentação e nos hábitos. Caso a endoscopia para gastrite ou os outros exames identifiquem a presença de uma bactéria, o uso de antibióticos é necessário, mas sempre com orientação médica.
É importante que os pacientes saibam que a gastrite tem cura, mas precisa ser sempre acompanhada de perto por um especialista para evitar que ela volte ou desencadeie problemas de saúde mais graves.
Fontes:
Ministério da Saúde;
Clínica Gastro RP.